sábado, 23 de agosto de 2008

O Equinócio


Por: António Centeio

O mar sempre me seduziu mas a sua grandeza e o seu poder infinito atemoriza-me. Sentado na areia olho o horizonte para ver o encontro do mar com o céu. Às vezes apetece-me dominá-lo, mas depois: penso que posso ser dominado por ele. Neste momento descubro a minha pequenez perante a grandeza da natureza.
Em Setembro os dias são mais pequenos e o sol está mais alto. Pouco me importa. Só o nono mês dá a magia de assistir ao Equinócio. O deslumbramento de poder ver a elevação das ondas são momentos sublimes e inesquecíveis. Com o vento a soprar do mar até as gaivotas com os seus gritos parecem assustar-se com a força do vento e do bater das ondas.
Sentado numa pequena rocha olho para o mar. Sem querer sonho com o encantamento do oceano. O bater das ondas e a espuma que branqueia todo o areal diminui-me como ser humano. Só esta época de marés – vivas dá os momentos de ilusão que preciso para poder viver. Sinto a minha alma ser trespassada por uma brisa marítima que de tanto a água bater nos rochedos se transforma em nuvens acabando por me enrolar na imensidão da sua orla.
Então nas suas profundezas tento descobrir onde se junta o mar e o céu. Embrenhado que estou vejo que o dia acabou. Em vez de continuar a ver o céu, a lua vem ao meu encontro. Como é maravilhoso o crepúsculo num dia de equinócio. A leveza da força do vento faz-me ouvir o interlúdio do bater das conchas perdidas para de seguida me trazer a maciez das algas marinhas vindas das brumas do mar. O adeus do Sol e o encanto da Lua desperta-me a alma deixando-me triste para recordar que um dia tudo terá um fim.
Depois, na mutação da vida tudo voltará a nascer. No regresso ao cais com o brilho da Lua relembro-me que no dia seguinte algo de novo vai nascer. Lá longe, no horizonte, algo como a cor das chamas vai surgindo aos poucos para depois se transformar numa grande «bola» iluminando quem da faina regressa. As gaivotas alegram-se pelo reencontro dando os bons dias a quem lhes traz aquilo que a força do Equinócio lhes tirou momentaneamente. Pena ser por pouco tempo porque nesta noite até as estrelas sorriem.
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